entre o breu e o brilho
armou o cavalete.
pintava fora do quadro
com os dedos em pleno ar
onde o espaço era amplo
e a tela mais macia.
o que ouvia punha ali.
naquele pedaço
de céu de chão de sonho
o pio do passarinho
a voz do vendedor de loteria
o apito do afiador de facas
a correria para o recreio.
os gritos no pátio do colégio
a mãe chamando para o almoço
e o gosto do bife de fígado da avó
poria depois, bem depois
quando tudo estivesse esquecido
num momento em falso
em alguma noite sem estrelas
sem esperança, sem salvação.
pintou e pintou e pintou
até lembrar
definitivamente
que antes de tudo
toda arte existe pra nada.
alexandre brito
de O fundo do ar e outros poemas / Ameopoema Editora
www.ameopoema.com.br
de O fundo do ar e outros poemas / Ameopoema Editora
www.ameopoema.com.br
Bonita tela, de toques sutis.
ResponderExcluirtenho sensações
entre o escuro e a luz
no breu olho o nada
me enxergo claramente
plano
à luz
trafego no limite
Soninha Porto
http://soninhaporto.blogspot.com/
“entre o breu e o brilho” lá está armado o cavalete do artista onde a arte do poeta se pinta! parabéns Alexandre! a imagem que usou para “ilustrar” teu poema se “emoldura” perfeitamente aos versos.
ResponderExcluirgrande beijo.
amei este.
ResponderExcluirêta comentário ameno...
ameno mas é meu. e é sincero!
Bjos
Cyb
Amei de paixão a poesia Três Haicais, maravilhosa, divaguei em meus pensamentos,profanos, nas loucuras de de minhas criações mentais.
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