28/08/2009

repostando Walt Whitman, porque Walt Whitman é Whalt Whitman.
dois poemas de "Folhas da Relva" - foto: Walt Whitman


SAINDO DE PAUMANOK
(fragmento)

11.
Uma vez no Alabama, enquanto eu dava
o meu passeio matinal,
vi pousada uma fêmea de pardal
em seu ninho entre os galhos
chocando seus filhotes.

Eu vi também o passarinho-macho
e parei a escutá-lo
ao alcance da mão
inflando o peito e gorjeando em júbilo.

E estando ali parado, me ocorreu
que o canto dele
não era só para o que estava ali,
nem para a parceira dele
nem mesmo para ele só,
nem para tudo que os ecos mandavam
de volta
- mas muito além, sutil e clandestina,
era mensagem transmitida e oculta herança
para os que estavam acabando de nascer.


ENQUANTO EU LIA O LIVRO


enquanto eu lia o livro,
a famosa biografia:
- então é isso (eu me perguntava)
o que o autor chama
a vida de um homem?
e é assim que alguém,
quando morto e ausente eu estiver,
irá escrever sobre a minha vida?
(Como se realmente alguém realmente soubesse
de minha vida um nada,
quando até eu, eumesmo, tantas vezes
sinto que pouco sei ou nada sei
da verdadeira vida que é a minha:
somente uns poucos traços
apagados, uns dados espalhados
e uns desvios, que eu busco
para uso próprio, marcando o caminho
daqui afora.)


Walt Whitman
do livro Folhas das Folhas da Relva / Brasiliense
Tradução Geir Campos

Toda revolução digna deste nome produz seu grande poeta.
"Antena da Raça", o poeta capta, nos tempos de comoção social,
a tremenda energia vital liberada pelas grandes transformações
coletivas, em seu momento agudo, revolucionário ou insurrecional.
Assim, se Maiakovski é o poeta da Revolução Russa, não é exagero
dizer que Walt Whitman (1819-1892) é o poeta da Revolução Americana,
ocorrida uma geração antes (1776) antes do seu nascimento.
O fato (ou o fado) de as revoluções apodrecerem, por mais altos que
sejam seus ideais, pouco afeta a poesia dos que a exaltaram, por elas
exaltados, em seu momento puro, em sua hora plena, em seu meio-dia.
Dai-nos, hoje, Senhor, a utopia de cada dia.
Whitman, o primeiro beatnik, vive da longa vida que só uma grande
poesia (ou uma grande revolução) irradia.

do prefácio de Paulo Leminski

2 comentários:

  1. oi Pessoal.
    aqui é o Alexandre. perdi minha conta google para este blog e por essa razão não consigo mais atualizá-lo. agora tenho um site com blog e tudo o mais. pintem lá no www.alexandrebrito.net.br
    abraço pra todos.
    Alexandre Brito

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  2. oi Pessoal.
    aqui é o Alexandre. perdi minha conta google para este blog e por essa razão não consigo mais atualizá-lo. agora tenho um site com blog e tudo o mais. pintem lá no www.alexandrebrito.net.br
    abraço pra todos.
    Alexandre Brito

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