23/11/2009





Soneto da casa invadida


Bandidos, cada vez mais atrevidos,
estão entrando em casas de família!
O bando mata os donos, rouba, pilha,
saqueia, até em cadáveres caídos!

Agora já não fogem, nem ruídos
evitam que se escutem! A mobília
carregam, ou ali mesmo a quadrilha
partilha jóias, ternos e vestidos!

Num lar de classe média, tomam conta
do próprio imóvel! No criado-mudo
da cama de casal, a extrema afronta:

Está o porta-retrato ali, mas tudo
que a foto mostra, um rosto que amedronta,
é o dele, do assaltante bigodudo!


Glauco Mattoso

Glauco Mattoso é paulistano. um dos mais radicais representantes da ficção erótica e da poesia fescenina em língua portuguesa. celebrizou-se na década de 80 como autor do fanzine anarcopoético Jornal Dobrabil e do romance fetichista Manual do Pedólatra Amador. de 90 pra cá, publicou mais de 20 volumes de poesia entre os quais a antologia Poesia digesta (1974/2004) e Animalesca escolha (AmeopoemA-2004). adepto fervoroso da glosa decimal e do soneto clássico, destaca-se também como lexicógrafo no bilíngüe Dicionarinho de palavrões.

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