01/07/2009

poesia brasileira contemporanea - contemporary Brazilian poetry



O museu

por que um museu?
perguntou a musa ao dicionário
porque é necessário respondeu

tem que ter
um lugar um lugar um lugar
onde ver cabe dentro do olhar

que mancha vira rinoceronte

janela porta proutro horizonte
hoje nunca esquece de anteontem
e mármore flutua mais leve que o ar

um lugar sem pressa
que os azulejos contem uma história
e as escadas encantadas
levem ao mundo dos contos de fada

onde a emoção exata de um tigre
salte da xícara para a íris
e uma idéia, na sua forma alada mais rara
surpreenda o visitante e encontre um coração

um lugar que...
quando todos vão embora
e tudo fica completamente a sós
o vento que vem de lugar nenhum
sopra pelos corredores

as esculturas ganham vida
os personagens descem dos quadros
seguem todos para o grande salão
e lá reunidos, se divertem, dançam
fazem piadas sobre nós


alexandre brito
ilustração: Eduardo Vieira da Cunha

Um comentário:

  1. "tem que ter/ um lugar um lugar um lugar/onde ver cabe dentro do olhar"
    adoro esse poema Alexandre! se não me engano ele foi o primeiro poema publicado em teu espaço.. legal reler "O museu".
    linda linda a ilustração do Eduardo Vieira da Cunha.
    bjs

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