poesia brasileira contemporanea - contemporary Brazilian poetry
" Luuua, luuuua, luuuua,
Lá no auuu, lá no au auuuu,
Lá no alto brilhando!
Luuua, luuuua, luuuua!
Aluuuu... aluuuu... aluminando
Ora se não é o primo lobo
Nos dando concerto noturno
Mas cala essa boca logo
Antes que voe um coturno!
Ora veja, primo cachorro
Como está gordo e cevado
Enquanto eu de fome morro
Que boa vida tem levado!
Realmente não me queixo
Porque nada me faz falta
Tenho comida – até deixo
Que também nem cabe tanta
Na mata, primo, nem queira
Saber como anda a vida
Se anda a semana inteira
E não se acha comida!
Aqui tenho até uma casa
Ao lado da do meu patrão
Não por pouco fico prosa
Isto sim que é um vidão!
Na mata, o céu é o abrigo
Por teto somente folhas
Cobertas é aperta-se a um amigo
Se chove, por certo te molhas
Isso que tens não é vida
Isto é só necessidade
Devias deixar esta lida
Com os homens fazer sociedade
Mas que posso fazer
Pra conquistar tal amizade
Se o homem só de me ver
Já dá tiros sem piedade?
Também, o que queres?
Pudera! Basta alguém se aproximar
Já fazes cara de fera
E começas a rosnar! "
Renato de Mattos Motta é múltiplo. poeta, artista-plástico, fotógrafo, tradutor, publicitário. publicou Pau de Poemas (com ilustrações próprias em xilogravura), Salamanca (adaptação para quadrinhos de J. S. Lopes Neto), Fotopoemas e a Coleção Fogo do Verbo (caixas de fósforos com poemas). é responsável pela concepção gráfica e conceito editorial da Coleção Poesia Viva. o trecho postado é do primeiro volume do seu Os Cantos da Carochinha, transposição livre, em versos, das Estórias da Carochinha (que integra a Coleção Poesia Viva), lançada recentemente pela Editora Porto Poesia (portopoesia2@gmail.com).
Que interessante essa versão das histórias da carochinha, pelo Renato...talento é isso!
ResponderExcluiracompanho o comentário da gata, aguardando o vol 2!
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