17/05/2009


oroboros
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a língua é uma serpente sem pele e sem dentes
morde a si mesma com as gengivas de um velho diabo
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já foi minha vizinha
mas no mês passado mudou para endereço ignorado
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não bate bem do firmamento
tem a cabeça cheia de vocábulos
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a víbora linguística
diz que do pensamento é o substrato
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em nominar o inominado insiste
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e só não é deus não porque não quer
mas porque ele não existe
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alexandre brito
do inédito Cine ABC

3 comentários:

  1. a víbora linguística devora tudo e as vezes nos deixa até sem palavras...

    muito bom o poema!

    abraço

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  2. Demais o teu poema, Ale!
    Tens um jogo de palavras maravilhoso.
    Beijocas!
    Aninha

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  3. e só não é deus(...) porque ele não existe


    um fecho perfeito!

    poema istigante...

    beijo

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